Calculando o custo dos seus pontos/milhas: será mesmo que existem viagem “grátis”?
Um dos conceitos mais populares quando se fala em pontos ou milhas acumulados é que se vai viajar sem pagar nada. Mas será que isso é realmente verdade?
Além é claro dos custos envolvidos com a própria viagem, existem outros custos associados, que mesmo com uma passagem/hotel reservados com pontos e milhas, serão cobrados. Entre eles: taxas de embarque, taxas governamentais, impostos, taxas de resort (em alguns hotéis), etc.
Ou seja, é importante entender que a viagem não vai ser “grátis”, mas já vai começar custando muito menos já que muito do custo normal será abatido usando seus pontos. Mas, você sabe dizer o quanto foi a sua economia?
Eu considero importante entender quanto custa os seus pontos por alguns motivos:
- Permite ter mais controle sobre sua situação geral. Para quem é iniciante ou mais experiente é muito importante entender quantos pontos você tem, onde estão, data de validade e o custo associado.
- Permite entender melhor qual promoção está realmente “imbatível” ou se vale a pena esperar um pouco mais considerando sua estratégia de viagens.
- E para mim o mais importante: entender o custo e o quanto foi sua economia, funciona como um grande incentivo para se aprofundar cada vez mais no processo. Afinal, quem não quer dizer que economizou 30%, 50%, quem sabe até 80% sobre o valor normal de uma viagem?
Então, como fazer esse cálculo?
Para começar vamos definir que a medida mais usada é o “Custo por Milheiro” ou seja, quanto se custou em reais para acumular 1000 milhas/pontos. É importante também dividir os pontos/milhas em dois grupos:
- Grupo A (ou Doadores) – pontos acumulados em cartões de crédito, Livelo e Esfera
- Grupo B (ou Recebedores) – pontos acumulados em companhias aéreas e hotéis
A principal diferença é que tudo que é acumulado no grupo A, pode ser transferido para o Grupo B mas o contrário não é possível. Uma vez que os pontos foram transferidos de A -> B, salvo raras exceções, nenhuma transferência mais é possível. A partir do grupo B os pontos devem ser usados.
É por isso que tudo acumulado no grupo A é tão valioso e a transferência deve acontecer preferencialmente quando houver um bônus para se maximizar o ganho.
Entendendo a diferença, a conta é sempre Custo Total / (Pontos Acumulados/1000) = Custo por milheiro. Por exemplo, se você acumulou 3000 pontos no Clube Livelo, a um custo de R$123,90, a conta fica assim: R$ 123,90 / (3000/1000) = 123,90 / 3 = R$ 41,30.
Ou seja, cada 1000 pontos Livelo foram adquiridos por R$41,30.
A conta agora deve ser feita sempre que houver um acúmulo de pontos. As regras que eu uso para fazer as minhas contas são:
- Pontos de cartão de crédito, associados a despesas do dia, eu particularmente gosto de considerar, quando houver, o custo da anuidade do cartão ou da taxa paga pela conta no banco.
- Clube de pontos, esse é simples, sempre o custo associado a compra do clube ou dos pontos.
- Compras bonificadas, eu sempre considero com custo zero. Entendo que alguns itens eventualmente podem ser mais caros comprando com pontos do que diretamente, mas normalmente não considero esse valor.
Vamos ver alguns exemplos mais elaborados:
Livelo
| Origem dos Pontos | Custo | Pontos | Custo Milheiro |
| Clube Livelo 3000 | R$ 123,90 | 3000 | R$ 41,30 |
| Compra Hering | R$ 0 | 1500 | R$ 0 |
| Cartão Amex TPC | R$ 116 | 2500 | R$ 46,40 |
| Compra Casas Bahia | R$ 0 | 24000 | R$ 0 |
| Total | R$ 239,90 | 31000 | R$ 7,73 |
Neste exemplo existem 3 fontes dos pontos: Clube, Compras e Cartão Amex com anuidade. Veja que o custo total dos pontos ficou bastante interessante considerando o método proposto.
Smiles
| Origem dos Pontos | Custo | Pontos | Custo Milheiro |
| Clube Smiles | R$ 42,00 | 1000 | R$ 42,00 |
| Compra Pontos 70% | R$ 420 | 20000 | R$ 21,00 |
| Transferência Livelo 80% | R$ 239,90 | 31000 | R$ 7,73 |
| Bônus 80% | R$ 0 | 24800 | R$ 0 |
| Total | R$ 701,90 | 76800 | R$ 9,13 |
Neste exemplo os pontos foram adquiridos com Clube, mais uma compra com 70% de desconto e mais uma transferência da Livelo x Smiles com 80%. Como já se sabia o custo Livelo, o mesmo foi transferido para Smiles e somado no custo total.
O custo final Smiles foi de R$9,13 e considerando que a média de valor de mercado para milheiros de companhias aéreas é de R$21,00, pode-se considerar então, nesse caso, que o custo é 57% menor do valor do mercado.
Entendendo os exemplos acima. É possível calcular qualquer custo, e claro adaptar a proposta para sua realidade. É possível ser muito mais detalhista, mas leve em consideração que será necessário mais tempo e controle.
Mas como aplicar isso na prática?
Já que agora você é o ilustre dono/dona de 76.800 milhas Smiles que custaram pouco mais de R$9 por milheiro, o que fazer com essa informação?
Antes de responder, chamo atenção para o fato que que dependendo da sua estratégia esse valor pode significar apenas 1 mês de acúmulo, imagine isso multiplicado por 12?
Vamos imaginar o cenário que você quer viajar para o EUA e encontre uma passagem São Paulo x Miami, voando American Airlines que é parceira Smiles, custando 50000 pontos mais taxas de embarque.
Como você já sabe seu custo por milheiro, fica simples calcular que o custo para você dessa passagem seria: 50 x R$ 9,13 = R$ 456,50 mais taxas de embarque. Considerando que em média uma passagem dessa custa cerca de R$1600 por trecho + taxas, sua economia foi de quase 70%!
Nada mal, não é verdade? Basta agora exercitar e achar a sua melhor maneira de calcular esse custo e espero que sirva de incentivo.
