Conta nos EUA? Sim, é possível!

Conta nos EUA? Sim, é possível!

Atualizado em 03 de Abril de 2021

Esse é o relato da minha experiência em abrir uma conta nos EUA, algo que eu achava antes que era impossível de se conseguir. Esse projeto começou com a ideia de ter acessos aos cartões americanos que possuem bônus generosos na emissão, ou seja, um belo atalho naquela viagem dos sonhos. Os bônus são ainda mais generosos que o Japão, que tinha recentemente passado a ser minha nova realidade.

Nesse processo, fiz muitas pesquisas na internet e alguns artigos me chamaram atençao achei dois tutoriais que transformaram essa ideia em realidade: um tutorial do Mestre das Milhas e o guest tutorial do Pontos pra Voar (antigo Pontos e Viagens) de como abrir a conta e solicitar cartões.

Aliás ao Pontos pra Voar, agradecimento em dobro. Primeiro pela dica, e segundo pelo apoio do Claudio, que fez a publicação com destaque.

Uma nota: alguns relatos podem mencionar que é necessário ter documento americano, mas já deixo claro que não tenho nenhum documento oficial de identidade do EUA e apesar de ter SSN americano, por uma experiência de cerca de 20 anos atrás nos EUA eu não fiz uso do documento. Todo o processo foi feito como um estrangeiro abrindo uma conta no EUA, o que é um processo super legal.

Depois de muita pesquisa eu sabia que precisava de 03 coisas itens para abrir a conta: um endereço americano, um número de telefone americano e escolher um banco (e ter a boa vontade do gerente no processo de abertura da conta). Descrevo abaixo como conseguir cada um dos itens.


Conseguindo um número de telefone

A dica principal: não usar nenhum serviço gratuito e tomar cuidado com os serviços pagos. Números do Skype funcionam para chamadas, mas não para receber SMS, Google Voice também pode ter suas limitações.

O mais simples e garantido que fiz foi usar um plano pré-pago da T-Mobile, a um custo de U$ 40 por mês e essa foi a minha escolha inicial.

Sugiro ficar atento ao cadastro feito na loja, cuidado com os dados fornecidos como e-mail e data de nascimento, pois esses dados ajudam depois no acesso à conta online o que facilita o atendimento e troca de planos no futuro caso você escolha manter esse número. Existem opções mais baratas. Depois de ativar o plano, verifiquei que a opção mais em conta era trocar para um plano de U$ 10 por mês, mas após a troca comecei a ter problemas em receber SMS no exterior. O detalhe é que para receber SMS no exterior custa U$ 0,10 por mensagem, então além de U$ 10 você sempre precisa ter um pequeno saldo na conta (eu fiz recargas U$11), mesmo assim o recebimento de SMS era aleatório.

Depois do plano inicial da T-Mobile, eu troquei para um plano mais simpels, mas tive alguns problemas em receber SMS, o que é o mais importante, algumas pesquisas e dicas e achei a minha salvação: um aplicativo chamado TalkU.

A interface do aplicativo não é das melhores e tem muita propaganda, mas o não tenho nada a reclamar até o momento. O TalkU permite que a um custo muito baixo (R$18,90 por ano) você possa criar um número no EUA que funciona (até agora sem problemas) para receber ligações e SMS. Mesmo pagando pelo número, você ainda precisará de créditos no aplicativo, que podem ser conseguidos sem custo, vendo uns anúncios e fazendo umas atividades diárias (gasto em média de 2 minutos por dia nisso no máximo).

Por garantia, nesse processo todo, também fiz um número do Google Voice que uso como número primário sempre que possível, já que funciona como uma espécie de redirecionador para seus outros números. Hoje então, por garantia, tenho dois números nos EUA.


Criando seu endereço nos EUA

Essa dica, na verdade, descobri há dois anos, desde que soube ser possível comprar produtos no EUA, que são entregues nesse endereço e depois podem ser encaminhados para qualquer lugar do mundo. A minha escolha foi o Planet Express que oferece um plano gratuito (sem custo mensal) e oferece endereços na Califórnia, Oregon (com Tax Free para assinantes) e na Inglaterra.

Claro que existem outros serviços, mas tenha cuidado, outra dica importante das minhas pesquisas foi que esse endereço tem que poder aceitar cartas e cartões do banco da sua escolha, e nem todos os encaminhadores funcionam assim. Essa possibilidade está disponível no Planet Express e faltava apenas habilitar.

É necessário preencher e autenticar um formulário (USPS 1583) (instruções nessa página). O Planet Express tem uma parceria com o NotaryCam a um custo de U$ 25. Tudo funciona de maneira simples e depois de um contato por e-mail é combinado uma hora para fazer uma videoconferência onde seus dados e documentos serão validados (tenha passaporte e seus documentos pessoais em mãos). Feito o processo você recebe uma cópia do formulário autenticado e a partir desse momento qualquer correspondência em seu nome poderá ser recebida.


O dia D

Chegou o dia da minha viagem, que, na verdade, era uma grande parada de 12h em NY. Já eram cerca de 15h quando estava no centro financeiro de NY e passei por uma agência do Bank Of America.

Detalhe: mais uma vez seguindo as dicas, já tinha decidido que seria a melhor opção de banco, pela possível facilidade em abrir a conta e por todo conjunto que eu tinha estudado: tipos de conta, custos e etc. Entrei no banco e o diálogo foi mais ou menos assim:

  • Gerente – Boa tarde, como posso ajudá-lo?
  • Eu – Gostaria de abrir uma conta como estrangeiro
  • Gerente – Pois não, serão necessários dois documentos, um endereço e um número de telefone
  • Eu – Tenho meu passaporte e outros documentos, mas não tenho nenhum documento americano, nem SSN. Também não tenho comprovante de endereço.
  • Gerente – Pode ser difícil, mas podemos tentar e ver se o sistema não irá bloquear.
  • Eu – Quanto tempo irá levar para sabermos?
  • Gerente – Cerca de 20 minutos.

Meia hora de espera depois, outra gerente veio me atender, supersimpática, já dizendo que estava acostumada com pedidos como o meu. A partir daí o processo foi rápido, ela ia pedindo meus dados e documentos e eu ia fornecendo conforme solicitado. Foram usados o meu passaporte e um cartão de outro banco como documentos, o endereço do Brasil, o endereço do EUA, o telefone e pronto: conta aberta.

Vale observar que para o banco são dois processos: abertura de conta e solicitação de cartão. Nesse ponto apenas a primeira parte estava feita. Eu sabia que para partir para outros cartões eu precisava criar meu histórico de crédito no EUA e para isso precisava do meu primeiro cartão emitido pelo próprio banco. O processo do cadastro se repetiu e pronto, cartão aprovado (ela vibrava mais que eu a cada aprovação).

Tinha chegado o momento então dos pagamentos. O Bank of America possui basicamente duas categorias de conta: checking e savings (conta-corrente e poupança). Para se abrir a conta e não pagar nenhuma taxa mensal deve se ter depositado um mínimo de U$ 1.500 na conta-corrente e U$ 500 na poupança. Somando ao depósito inicial do cartão eu tinha duas opções: U$ 2.300 (U$1500 + U$ 500 + U$ 300) para não pagar nenhuma taxa ou U$ 325 como valor mínimo.

No final decidi que não precisava da conta poupança, apenas a corrente já me servia e não queria naquele momento fazer um depósito tão grande, já que pretendia depois fazer transferências via TransferWise com custo menor. Então minha escolha foi pagar U$25 como depósito mínimo da conta e U$300 para o cartão.


Os cartões (apenas o início da jornada)

Passados 03 dias recebi o e-mail do Planet Express que um documento havia sido entregue. Não solicitei o encaminhamento imediatamente e dois dias depois chegou outro envelope do banco. Dentre as opções para envio eu poderia escolher desde Fedex ou DHL com entrega em 3 dias, ou entrega via USPS com 12 dias. Como estava viajando e sem pressa, escolhi a mais demorada e mais barata a um custo de U$24 pelos dois envelopes para entrega no meu endereço do Japão.

Antes mesmo do prazo, os dois envelopes foram entregues: um era o cartão, Mastercard, com U$ 300 de limite e o outro o comprovante dos depósitos que eu tinha feito.

Passei alguns pagamentos que tenho frequente para o cartão, como Netflix, Claro e outras para gerar movimentação e fiz depósitos pequenos na conta-corrente durante 03 meses. De novo estava seguindo a recomendação de esperar no mínimo 3 meses para conseguir algum histórico de crédito e poder tentar pedir outro cartão. Minha estratégia inicial seria pedir um dos cartões da American Express que não tivesse anuidade. O objetivo era continuar aumentando meu histórico de crédito e começando pelas opções sem custo de anuidade.

Primeira tentativa: American Express Blue Cash Everyday® Card. Sem anuidade e com bônus de U$200 na fatura depois de U$1000 de gastos nos primeiros 03 meses. O preenchimento do formulário foi simples e no SSN coloquei 999999998, mas o detalhe mais importante foi que marquei a opção que dizia assim: “clique aqui se você já tem um cartão em outro país e quer que usemos esse histórico para seu novo cartão”.

Escolhi essa opção por possuir outro cartão Amex Gold no Japão, mas não posso precisar até que ponto isso ajudou. Sei que ainda assim recebi um e-mail que meu pedido estava sendo analisado e eu deveria ligar para a central de atendimento. Fiz conforme solicitado e depois de um atendimento breve, confirmação dos meus dados pessoais e um “espere um momento” recebi a informação que o cartão tinha sido aprovado! Vibrei com a notícia.

PS: O cartão demorou mais de 20 dias para chegar em minhas mãos. Houve duas tentativas de entrega, a primeira que ninguém sabe explicar por correio comum e a segunda pela UPS. O cartão só foi devidamente recebido na segunda tentativa. Depois disso, envio por Fedex e em três dias o cartão estava em minhas mãos.


Minha Opinião

Caso seu objetivo seja ter uma conta em dólares, sem ter a pretensão de ter cartões de crédito ou fazer investimentos no exterior, evite esse processo e escolha bancos como BS2 e C6.

Agora, caso tenha objetivos similares ao meu, recomendo que estude o assunto e conte comigo para dúvidas. Com um pouco de planejamento e preparação é possível alcançar o objetivo em poucos meses e curtir dos benefícios oferecidos que são certamente vantajosos.

Para quem gosta de viajar, as opções disponíveis nos EUA são em muitos casos opções difíceis de se encontrar no Brasil e no Japão.